quarta-feira, 14 de maio de 2014

Minas, pedra, poesia:


Fazer amanhecer as manhãs em Minas
É abortar o canto dourado dos galos.
Mas a luz sozinha não tece a poesia
Da manhã rara das claras colinas.

Minas acorda cedo e faz amor com o sol,
Veste seu véu branco de virgem pura
E vai buscar no horizonte a sede de luz.

A Minas do poeta novo
É a mesma do mestre Rosa
Que sabe o segredo da roça
Sagarana pátria do povo.

Minas é obelisco sagrado
Que as tribos da terra
Louvam em secreta comunhão.

Minas é abismo profundo
Que o mineiro esconde calado
Por entre os vales do mundo.

Minha poesia ainda dorme feito pedra
Que na pureza de ser ainda não sabe
A consequência de ser poesia dura
Na beleza eterna de ser pura pedra.

O poeta é aquele silencioso sonhador
Que no seu sonho de silêncio
Aprofunda-se no silêncio de pensador.


Fragmento do livro O sono da pedra (1988).

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