Seis poemas
de Ivo Pereira do livro A cabeça fria do cometa azul (1980/1990)
Mudanças
pássaro que voa
no horizonte aberto
pode estar bem certo
que o tempo vai mudar
não há tempestades
no sul do meu país
essa é a liberdade
ser livre e ser feliz
vem sem medo
sem defeito
não há mais a
repressão
não se julga
o que foi feito
tens agora
o meu perdão
se me cortam
se me cortam
essas asas
muito mais
muito mais
alto voarei
amanhã
quem sabe um dia
minhas penas soltarei
na liberdade plena.
Alvaave
Um ser alado
Criatura dos ventos
Voa
Rumo à janela
Aberta de poesia.
É leve o voo da ave
Alvas penas
Pousando no ninho
Secreto
Dos versos.
Uma pena
Entrou na casa.
É suave
A ave em seu voo
Na direção das rimas.
Ave alva
É paz
Pomba serena
Em seu voo pleno
Pena no bico
Sinal de esperança.
Uma alma alada
Essência de pluma
Pousou suavemente
Ave rara
Alva ave.
O vento tocou meu
coração
O
vento passou aqui
E
beijou os meus cabelos
E
arrepiou minha pele morena,
Tocou
levemente meus seios
E
levou minha alma serena.
O
ventou passou suavemente
E
tocou o meu coração,
Mexeu
profundamente comigo
E
despertou minha emoção.
A
resposta do amor
Não
está apenas no vento,
Está
na suavidade da flor
E
em meus sentimentos.
O
que sinto o vento
Levou
para o infinito.
Meu
canto é um lamento
E
um doloroso grito.
O
vento passou por aqui
E
me levou junto com ele...!
Fruto
da terra
As pedras que rolam
no rio das cores
são pedras que choram
no meio das flores.
Lágrimas caem
cheias de amores
cristais que cantam
refletem as dores do
povo.
Paisagem do Vale
me conte as vitórias
das velhas cidades
das novas histórias.
O povo mineiro
que mora na serra
vive a sina
de ser o fruto da
terra.
Feras
e colibris
Hoje vou tomar um
porre,
Pois viver é
fundamental.
E vou escrever poemas
E sair pela rua dessa
vida.
Hoje eu não quero rir,
Vou chorar pensando em
você
E quando a manhã
chegar,
Vou cantar para não
sofrer.
E por falar em
tristeza,
Onde anda a beleza que
confunde
Que faz das feras
colibris
E Orfeu de longe luz.
E o amor se existe
A gente esconde
E felicidade que é bom
Foge não mais que de
repente
Dos olhos das mãos
E dos corações
Da gente...da gente.
E o amor se existe
A gente esconde,
Pois faz das feras
colibris
E Orfeu de longe luz.
Balada para um poeta
solitário
poeta quando se
apaixona
escreve feito
desesperado
pensando na
imortalidade.
A ambição do novo
homem
não é dom dos
imortais.
A musa não é real
e vive escondida entre
os sonhos.
A fantasia é um fruto
raro
que nasce na
imaginação.
A alma é uma luz
branca
que viaja num cometa
azul.
O sono é um pássaro
verde
que voa no silêncio da
escuridão.
O copro não tem mais
sangue
e o caráter é sujo
demais.
O fino laço do destino
cruza a linha da vida:
poeta morre na solidão.
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