Minas,
pedra, poesia:
Fazer
amanhecer as manhãs em Minas
É
abortar o canto dourado dos galos.
Mas
a luz sozinha não tece a poesia
Da
manhã rara das claras colinas.
Minas
acorda cedo e faz amor com o sol,
Veste
seu véu branco de virgem pura
E
vai buscar no horizonte a sede de luz.
A
Minas do poeta novo
É
a mesma do mestre Rosa
Que
sabe o segredo da roça
Sagarana
pátria do povo.
Minas
é obelisco sagrado
Que
as tribos da terra
Louvam
em secreta comunhão.
Minas
é abismo profundo
Que
o mineiro esconde calado
Por
entre os vales do mundo.
Minha
poesia ainda dorme feito pedra
Que
na pureza de ser ainda não sabe
A
consequência de ser poesia dura
Na
beleza eterna de ser pura pedra.
O
poeta é aquele silencioso sonhador
Que
no seu sonho de silêncio
Aprofunda-se
no silêncio de pensador.
Fragmento
do livro O sono da pedra (1988).
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